quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Deambulacoes pelo Cambodja - parte II

Engracado como por vezes, num curto espaco de tempo, a nossa disposicao pode sofrer oscilacoes completamente inesperadas. A minha jornada depois da separacao do grupo, que comecou como um ardua caminhada solitaria, acabou por se revelar o inicio de mais uma experiencia fantastica!

De Phnom Penh parti para Kampong Cham, ainda meio atordoada, com o cerebro a bombardear-me com uma vasta panoplia de memorias que tresandavam a melancolia. Como se nao bastasse, no primeiro dia nessa nova cidade, consegui auto-mutilar-me enquanto tentava descascar uma maca. A visao de um canivete suico a perfurar a pele, para quem e dificil olhar para um gota de sangue sem quase sucumbir ao desmaio, nao foi algo de propriamente agradavel... Mas consegui manter-me acordada, arrastei-me para fora do quarto e, depois de me alimentar, arranjei um guia para me levar a passear de mota pelos arredores da cidade.

Ponte de bambu com cerca de 3km

E quando estamos nos a espera de atravessar esta ponte (uma verdadeira visao!), em direccao a ilha de Koh Paen, eis que eu vejo o mais charmoso de todos os seres humanos sobre o qual os meus olhos ja pousaram! Mais encantado que um verdadeiro Principe Encantado, ele lancou o seu feitico sobre mim... E desde entao a minha maquina recusou-se a parar de o fotografar!


O cambodjano mais cativante de sempre




Ele na sua Harley Davidson
No dia seguinte foi abandonar Kampong Cham e partir para Sen Monorom, numa saltitante odisseia de cerca de 12 horas a atravessar estradas de terra batida, recheadas do que pareciam ser crateras vulcanicas. Pelo meio foi travar conversa com um holandes, o Rob, um casal de suecos, um casal de holandeses e um casal de belgas (parece que viaja tudo aos pares!!) que acabaram por se tornar as minhas animadas companhias pela provincia de Mondulkiri.

Sen Monorom e uma pequena aldeia no interior de Mondulkiri, constituida por pouco mais de 4 ou 5 casas (sendo que uma dessas e o mercado). O que fazer entao por la? Visitar as varias cataratas das redondezas e as aldeias das minorias etnicas (ou Minority Villages, como lhes chamam). O problema sao mesmo as estradas ou, melhor dizendo, a ausencia delas!

O Mr. Tree, o gerente do hotel em que ficamos, propos fazer um desses passeios de Tuc Tuc. "Hmmm... Tuc Tuc?", pensamos nos. "Nao sera demasiado violento para os nossos tao adorados traseiros??". Bem, eu e o Rob decidimos alinhar e desbravar a terra batida a velocidade de Tuc Tuc.

Nao consigo, atraves de imagens, transmitir a quantidade de solavancos a que, durante 3 horas de viagem, o nosso corpo foi submetido. Mas pelo menos da para mostrar que nos fartamos de comer po!


Bousra Falls

Mas o que poderia saber melhor (depois de muito tempo a levar com po, calor e um assento agressivo) que um mergulho em aguas fresquinhas???

Entretanto tive que me esforcar por explicar a um incredulo (e friorento) holandes que a temperatura da agua se assemelhava a do Atlantico que banha Portugal. "Mas Portugal nao e suposto ser um pais quente? Como e que pode ter agua tao fria???".


O por do sol numa das varias aldeias de minorias
(minorias essas que, segundo o ingles semi-arcaico do Mr. Tree, sao originarias da Indonesia)
Depois de tres dias por Sen Monorom, chegou a altura de partir para o proximo destino: a cidade de Kratie. Desta vez uma viagem de luxo (pensava eu)! o Mr. Tree arranjou um transporte diferente: primeira parte da viagem de pick-up (nada de autocarros para ninguem!), segunda parte de taxi partilhado (hmm...). De facto, entre cabecadas e cotoveladas na janela, a viagem ate meio caminho fez-se em menos de metade do tempo.



No posto de gasolina, alguem reabastece a Pick-up


Uma imagem que eu achei importante partilhar: o posto de gasolina!
E claro, chegou a altura de abandonar o "luxuoso" meio de transporte...
Depois de pararmos na pequena povoacao de Snoul e eu voltar a ficar por minha conta, sou literalmente "enfiada" para dentro de uma carrinha que, embora tivesse um limite de cerca de 9 passageiros, estava carregada com, no minimo, umas 15 pessoas. Tornei-me uma peca do puzzle humano e la nos pusemos a caminho. "Isto vai demasiado carregado", divagava eu por entre as minhas ilusoes de ocidental. Porque a verdade e que as coisas funcionam de modo bastante diferente pela Asia...

Menos de 5 minutos depois, passamos por um autocarro que devia ter tido um acidente, e estava rodeado de gente. No minimo umas dez pessoas, com grandes pacotes e malas. Toca de parar e comecar a atirar tudo para o tecto da carrinha: pessoas, malas, malinhas e maloes! Nao ficou nada na estrada! "Ai que o tecto ainda me vai cair em cima! Ai que os travoes nao vao funcionar!". Mas a verdade e que correu tudo bem, cheguei sa e salva (e bem disposta!) a Kratie.
As vezes questiono-me se nao seremos nos, no ocidente, que nos tornamos exageradamente obcecados com os limites de tudo e mais alguma coisa...



O processo de carregar o tecto da carrinha com pessoas, malas e sacos.


Fiquei um pouco frustrada porque nao agarrei na maquina a tempo de fotografar a carrinha com todas as pessoas em volta (muitas delas estavam atras de mim quando tirei a foto...).
Acho que, durante os 3 meses em que viajamos juntas, a Laura acabou por me transmitir um pouco do "virus da fotografia"!

Entretanto ja estou de regresso a capital cambodjana, Phnom Penh.

Depois de amanha rumo ao Vietname, para Ho Chi Minh (antiga Saigao)!

sábado, 19 de janeiro de 2008

Deambulacoes pelo Cambodja

(comentario "pre-leitura de post": para compensar os muitos dias sem actualizar o blog, venho por este meio dar inicio a um post bastante extenso. Em caso de se tornar aborrecido, ha sempre a opcao de saltar os textos e dar uma olhadela as imagens!)

As vezes parece que os momentos em que se vive mais intensamente sao os mais dificeis de descrever. A tendencia e recorrer a adjectivos que embora possuam uma carga altamente positiva, nao tem qualquer capacidade descritiva.
Passo a exemplificar:
- Entao que tal foram os ultimos 10 dias?
- Ahh... Incrivel! Foi demais, mesmo... Diverti-me imenso!
- Mas o que e que aconteceu exactamente?

(e agora e que comeca a parte dificil...)

Depois de introduzir a Catarina (a compatriota recem-chegada a Bangkok) as maravilhas do mundo das massagens e ao apetitoso consumismo desenfreado que se vive em Khao San Road (a "rua dos turistas" de Bangkok, onde se pode comprar todo o tipo de bens materiais - sobretudo roupa!!) pusemo-nos a caminho de uma das varias ilhas paradisiacas da Tailandia - Kho Chang. Foram dois dias de mergulhos intensos em aguas mornas que se tornaram cansativos porque, nos intervalos, ambas nos vimos obrigadas a ensinar civilizados holandeses e finlandeses a jogar futebol a boa maneira portuguesa (ou seja, com muitas caneladas e empurroes a mistura).
Descobrimos que, gracas a um jogo do Euro 2004, ha muito rancor entre os holandeses em relacao a seleccao portuguesa. A minha memoria de especime feminino nao me permitiu armazenar quaisquer pormenores desse jogo, mas parece que o facto da vitoria portuguesa ter ocorrido na sequencia de 4 cartoes vermelhos e 11 amarelos deixou muitos holandeses amargurados!

Terminados os 2 dias de relax, eu, a Catarina e o nosso companheiro holandes, o Rens, resolvemos por-nos a caminho do Cambodja, em busca do mitico complexo de templos de Angkor Wat. A travessia que no mapa parecia mais longa eram os quilometros pelo asfalto da Tailandia ate a fronteira - percurso esse que de facto demorou 7 horas. O que nao faziamos ideia era que, para percorrer os cerca de 150km da fronteira em Aranyaprathet ate a cidade de Siem Reap, iamos demorar umas 10 horas...

Primeiro as confusoes que trazem reminiscencias do caos indiano: o autocarro leva-nos para a "loja do amigo", um local onde podemos trocar os Bahts tailandeses e os Dolares por Riels (moeda cambodjana) a precos que nos deixam os cabelinhos em pe! Depois de enchermos os bolsos ao "amigo do cambio" la nos pomos novamente a caminho. Eis que 5 minutos depois o autocarro volta a parar. Avariado!! Mais uma hora e tal a espera que chegue um novo autocarro...
Mudanca efectuada e la retomamos caminho a uns alucinantes 30 km/h, enquanto percorremos uma estrada de terra batida bem esburacada.
E foi no meio desta confusa sequencia de paragens que conhecemos dois noruegueses, a Tonya e o Glenn, que ficaram depois no mesmo hotel que nos e acabaram por se tornar os nossos companheiros de aventuras pelo Cambodja.
Novamente a questao: como transmitir, de forma verosimil e minimamente comica, toda a sequencia de piadas sem sentido que deram azo a tantos ataques de riso enquanto exploravamos o Angkor Wat?? Nem sequer vou tentar, passo antes as apresentacoes:


Rens, the Dutch Fisherman
(o pescador holandes)


Glenn, the Norwegian Monkey
(o macaco noruegues)


Eu & Tonie & Catarina: The 3 weird chicks
(Sorry Tonie, but I had to post this foto!)


The whole gang: Catarina, eu, Tonya, Glenn e Rens

Nos e o nosso condutor de Tuc Tuc - o Tai
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Afinal o que e o Angkor Wat? E um dos muitos templos (e o principal, alias) construidos entre o seculo IX e o seculo XI, durante os tempos aureos do Imperio Khmer, um vasto imperio que se estendia nao so pelo Cambodja, como tambem por territorios que sao hoje em dia parte da Tailandia ou do Laos.
Depois da queda do Imperio Khmer (algures pelo seculo XIV - se a memoria nao esta a pregar uma partida), os templos acabaram por ficar ao abandono, semi-destruidos nao so pela mao humana como tambem pela propria natureza. Em finais do seculo XIX, os franceses (pela mao de um aventureiro explorador que deu pelo nome de Henri Mouhot) redescobriram Angkor Wat para o mundo que, recentemente, elegeu este templo como uma das sete maravilhas do planeta Terra.
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Angkor Wat tem mesmo muito para ver. Por isso decidimos dedicar 3 dias a contemplacao de templos. Demasiados dias? Nao, nem pensar! E conseguimos ver quase tudo gracas ao Tai, o nosso Tuc Tuc driver, que nos foi conduzindo de monumento em monumento. Havia quem optasse pelas bicicletas mas teria sido dificil ver tudo desse modo. Primeiro porque o calor era tanto que as vezes se tornava dificil manter os olhos abertos e o corpo em movimento. Depois porque havia templos muitos distantes uns dos outros, as vezes so 3 ou 4 quilometros, mas outras vezes a distancia rondava entre os 15 e os 20 quilometros.
Valeu a pena o esforco e os muitos dolares gastos??
Sem duvida! Ha templos impressionantes, quase nos conseguem transportar no tempo, para outras realidades que nunca conhecemos mas que, talvez gracas aos muitos filmes Hollywoodescos, conseguimos facilmente recriar na nossa imaginacao.
E claro, a sensacao de aventura! Porque ao atravessar certos locais eu senti-me uma exploradora, uma especie de Indiana Jones versao feminina. Ate chapeu arranjei, so faltava mesmo o chicote!
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O templo de Angkor Wat ao nascer do sol

A neblina matinal perto de um edificio (uma antiga biblioteca) pertencente ao Angkor Wat
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Uma das principais atraccoes consiste em apreciar o Angkor Wat ao nascer do sol. Toca a levantar da cama as 5h da manha para maravilhar os olhos semi-adormecidos com esta visao!
De facto valeu a pena, foi um momento bonito mas... com um pequeno senao. Houve momentos em que a magia de Angkor Wat e outros templos quase se esfumava, tornavam-se edificios banais. E porque?? Porque havia demasiados turistas como nos, a deambularem em grandes grupos barulhentos (malditos japoneses que estao por todo o lado!!), em busca da fotografia-perfeita. E quais as alturas mais confusas? Precisamente aquelas em que mais fazia falta o silencio, a completa ausencia de som, para serem devidamente apreciadas: o nascer e o por do sol.
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Um exemplo da multidao que se deslocava de madrugada a Angkor Wat
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Exploradores em Angkor Thom (ou seria Thom Bayom?? Ja nao sei, eram tantos...)
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Tonie e "Catarina versao romena com lenco na cabeca" em mais um templo cujo nome ja nao me recordo...
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E assim se passaram 3 dias em Siem Reap, a brincar aos arquelogos por Angkor Wat.
Terminada a exploracao de templos, partimos em direccao a capital do Cambodja - Phnom Penh. Desta vez, ainda meio traumatizados com a ultima experiencia via autocarro, resolvemos ir pelo rio. La foram 5 horas sem paragens, nem saltos em estradas esburacadas. Foi uma bela surpresa!
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O Cambodja e um pais com uma historia recente bastante sangrenta. Os dois principais "monumentos" (se e que se podem chamar assim) que retratam esses anos encontram-se precisamente em Phom Penh: sao os Killing Fields (ou campos de exterminio) e o Museu Tuol Sleng (antiga prisao da epoca dos Khmers vermelhos). Foram duas visitas bastante violentas, saimos de la como se tivessemos regressado de um campo de batalha, depois de termos avistado os muitos milhares de cadaveres espalhados pelo chao...
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O que aconteceu entao? Nos anos 70, a guerra do Vietname acabou por se estender aos paises vizinhos e muitos dos comunistas que andavam em fuga procuravam abrigo neste pais e no Laos. Claro que os Estados Unidos tinham que retaliar e, por isso, bombardearam e atacaram de muitas formas o Cambodja. Mesmo assim, o rei Sihanouk recusou-se a abrir o pais aos americanos. E isso nao pode ser, quem e que se atreve a afrontar o grande imperio americano??? Ai, ai,ai!! Obvio que a CIA teve que se apressar a dar uma licao ao rei: toca de arranjar o candidato perfeito, dar azo a um golpe de estado e XARAAAAN... O Cambodja encontrava-se livre do ditatorial regime monarquico e tornava-se finalmente um regime democratico!
E foi assim que o general Lon Nol chegou ao poder.
Entretanto, os comunistas refugiados pelo pais resolveram organizar-se como deve ser, e
comecaram a ganhar popularidade enquanto Khmers Vermelhos. O seu poder tornou-se mais forte com o apoio do rei Sihanouk e com o fornecimento de armas e afins por parte da China comunista. Em 1975, os Khmers Vermelhos chegaram ao poder e durante os 4 anos que estiveram no poder foram eliminados, das formas mais horripilentes, cerca de 2 milhoes de Cambodjanos (um terco da populacao do pais) e alguns jornalistas ocidentais.
O objectivo (segundo um dos nossos guias) era estupidificar a populacao, de modo a nao haver alminha que se atrevesse a questionar o regime. Dai que os primeiros a ser exterminados tinham que ser os mais "habituados a pensar". Uma das formas de determinar quem merecia sobreviver requeria a proximidade de palmeiras ou coqueiros: quem conseguisse subir ao topo da arvore era considerado "util", por isso sobrevivia. Quem nao conseguisse era um "inutil", nao merecia viver.
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Os Killing Fields - esta e uma "estupa" em honra dos que aqui foram mortos
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Esta imagem nao parece nada de muito impressionante mas a verdade e que la dentro se encontram varias prateleiras com milhares de caveiras que foram encontradas neste campo de exterminio.
Uma das atrocidades cometidas pelos Khmers Vermelhos, que ainda hoje causam sofrimento aos que estao vivos, foi a forma como eles sepultavam os mortos. Eles separavam a cabeca do resto do corpo e enterravam-nos em locais diferentes. Isto e extremamente agressivo para a cultura Khmer (os cambodjanos dizem-se Khmers - apesar da conotacao negativa da palavra, gracas a versao comunista: Khmers Vermelhos), porque eles acreditam que o espirito de um morto so consegue descansar em paz quando e sepultado devidamente, com todas as partes do corpo no mesmo local. Caso contrario, o espirito continuara a rondar o sitio onde morreu, em sofrimento.
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Bem... E todos estes dias passados em conjunto teriam que chegar ao fim...
No dia 16, a Catarina apanhou o seu voo para Bangkok e depois Portugal. O grupo ficou reduzido a 4 elementos. Para tentar enganar a nostalgia que ja se fazia sentir, resolvemos optar por programa mais animado e fomos dar uns mergulhos no Parque Aquatico de Phnom Penh!
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O minha primeira incursao num parque aquatico!! YUHUU!!
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Nos os 4 com o fiel guarda do parque (que se sentou junto as nossas malas e nunca as largou de vista) e a sua bela girlfriend
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E no dia 18 foi a despedida... A Tonya e o Glenn seguiram caminho para o Vietname, o Rens foi apanhar o seu voo em direccao a Bangkok e depois Australia.
E fiquei eu, meia atordoada pelas ultimas noites mal dormidas, pronta para seguir viagem "on my own" pelo Cambodja. Foi apanhar autocarro, seguir 3 horas de viagem e la estava eu numa nova cidade: Kampang Cham.
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E que tal viajar sozinha?? Ainda nao percebi se gosto ou nao... Ha momentos de euforia, em que sou invadida por uma sensacao de liberdade que so me da vontade de voar! Mas tambem ha momentos em chego ao quarto e nao ha ninguem, nao ha som (eu sabia que devia ter comprado umas colunas para o MP3!!), e uma especie de solidao parece que se apodera de mim.
A ver vamos! Amanha sigo para um local isolado algures no nordeste do Cambodja (chamado Sen Monorom), onde nao ha internet. Quando de la sair volto a partilhar impressoes desta viagem!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

What next???

A 1 de Outubro, Laura & Ana resolveram abandonar o Condado Portucalense e por-se a caminho de outras terras, desbravar novos e desconhecidos (para elas) territorios espalhados pelo continente asiatico.

E que tal um breve resumo do que ficou destes ultimos tres meses de aventuras e desventuras?

Ora bem, entre a balburdia da cacofonia indiana (aterrar em Delhi e sempre uma experiencia... diferente), as paisagens incriveis do Nepal, os mergulhos na agua morninha do sul da India e das ilhas da Tailandia, e os constantes desafios que uma viagem por territorios desconhecidos sempre implica, ficam as memorias daqueles episodios que nao sao tao faceis de descrever. Como os inexplicaveis ataques de riso que surgiram exactamente nas alturas "menos apropriadas"...

E porque e que eu estou agora a dar uma de nostalgica??? Porque chegou entao a altura de Laura & Ana, camaradas-viajantes, voltarem a ser a Laura e a Ana, duas entidades distintas. Ou seja, chegou a altura da Laura regressar a patria, a bela da patria, e eu continuar a minha peregrinacao pela Asia.
E foi assim que, no dia 6 de Janeiro, a Laura apanhou o seu voo de regresso a Delhi, por la passou tres dias a matar saudades dos constantes "hellooo, hellooo" dos seus amigos indianos, e no dia 9 embarcou de regresso a capital alfacinha.
Eu continuei em Bangkok por mais dois dias, ganhei uma nova companheira de viagem recem-chegada de Portugal (sou uma traidora, Laura!) - a Catarina- e dia 8 finalmente abandonei o constante frenesim da capital tailandesa (depois de mais de uma semana parada no mesmo sitio, ainda por cima uma cidade, ja estava prestes a subir paredes).

"E agora em que moldes vai continuar estes blog?", perguntam-se vossas excelencias, os nossos carissimos, inteligentissimos e tao apreciados leitores. Pois e, a Laura vai continuar a partilhar vivencias mais ocidentais (ela ainda nao sabe se vai continuar por Portugal ou vaguear algures por territorios europeus) e eu vou-me esforcar por dar mais uso a minha pobre maquina fotografica para continuar a partilhar imagens dos cantos do mundo por onde passar nos proximos 3 meses.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Lost in Bangkok

Seja la em que canto do planeta uma pessoa se encontre, as questoes inevitaveis dos ultimos dias de Dezembro parecem ser: " O que fazer na passagem de ano? Qual a melhor festa, a celebracao mais animada?".

Depois de procurarmos na internet uma resposta a esta duvida existencial, chegamos a conclusao que o melhor seria rumar para o centro de Bangkok e assistir as celebracoes que iam decorrer ao pe de um centro comercial, o Central World.

E la fomos nos em busca de animacao. A experiencia revelou-se estranhamente surreal! Milhares de pessoas pela rua, concerto da artista local - a Cristina Aguila (provavelmente a Christina Aguilera da Tailandia), contagem decrescente, ceu colorido com muitos fogos de articifio. Nao parece estranho, pois nao???

Seria bastante semelhante ao que sucede em Portugal, nao fosse um pormenor importante: o comportamento dos tailandeses. Parecia que estavamos rodeadas de pessoas estranhamente calmas e organizadas. "Apaticas" talvez seja a palavra mais adequada. Nao se vislumbravam quaisquer tracos de euforia, os varios milhares de pessoas que la se encontravam deslocavam-se com todo o cuidado, fazendo filinhas, caminhando com muito cuidado. Grande parte das pessoas estavam sentadas a olhar silenciosamente para o ceu enquanto esperavam o grande momento: o fogo de artificio!! No recinto nao eram admitidas bebidas alcoolicas e nao se via uma unica pessoa a cometer a "infraccao" quanto a essa regra.

3... 2... 1... BUM, BUM, BUM!



Entramos em 2008, muita luz e muita cor com o fogo de artificio, muita calma e organizacao a abandonar o recinto... Passado um pouco la apanhamos um tuc-tuc (como chamam aos riquexos na Tailandia) e pomo-nos a caminho de Khao San Road, a zona dos turistas, em busca de festa com 'F' maiusculo.

O caminho ate la foi o contraste total com o comportamento ordeiro que tinhamos observado: o condutor do tuc-tuc resolveu exprimir na sua conducao toda a euforia contida nos ultimos anos. Foi com o coracao nas maos e depois de 1 ou 2 raspadelas noutros carros que chegamos ao nosso destino, onde encontramos a animacao que nos e familiar numa passagem de ano.

No caminho fizemos tambem o que foi para nos uma interessante descoberta antropologica: encontramos vendedores de insectos fritos, que pareciam ser as delicias locais. Para que procurar pipocas ou batatas fritas quando se podem comer gafanhotos, baratinhas ou larvas fritas???



No primeiro dia do ano, apesar de ser feriado, nao parece haver folga para muitos - tudo esta aberto e tudo funciona normalmente... Time for bowling and cinema!