domingo, 30 de dezembro de 2007

Para 2008...

E agora que vamos entrar num novo ano, aqui vai uma pequena reflexao da autoria dos nossos mentores (Steve e Rosemary Weissman) sobre a qual gostariamos que ponderassem:

"In many ways, to be normal in the eyes of the world means to limit ourselves"

Como tal, o nosso desejo para 2008 e que deem asas ao vosso verdadeiro "eu" e nao se limitem!!!


FELIZ ANO NOVO
ANA & LAURA

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Um Natal diferente...

...este ano optamos por celebrar a lua cheia em vez do Natal!

O grande atractivo da ilha onde nos encontravamos (Koh Phan Ngan) sao as festas nas noites de lua cheia - Full Moon Party - que este ano calhou exactamente na noite de 24 de Dezembro, essa auspiciosa data em que o Papai Noel percorre o mundo gracas a titia Coca-Cola. Claro que a relevancia do acontecimento acabou por atrair varias dezenas de milhares de peregrinos de todo o mundo (aos quais nos juntamos) que, embutidos de espirito natalicio e com chapeus de Pai Natal, vieram em busca de emocoes fortes.

Deduzimos que cerca de um terco das pessoas que andavam aos saltos pela praia eram prostitutas tailandesas em busca de ganha-pao. O outro terco deviam ser australianos em busca de carne. Perguntamo-nos algumas vezes quantos deles nao terao levado para casa, nessa noite, algo que pensavam ser uma tailandesa, para terem depois vindo a descobrir que se tratava de um travesti...ou de uma "Lady Boy", como eles/elas sao aqui denominados. O outro terco? Pessoas normais? Nao, nos diriamos que as pessoas normais (entre as quais nos encontravamos) fossem talvez (e com muita sorte) para ai um decimo!!


Este foi o barquinho que nos levou por 45 minutos de viagem ate a praia de Had Rin, onde se deu a grande festa! No ceu ja se via a lua que deu o mote a este evento natalicio (?!?!)








E aqui estamos nos e os nossos baldes de bebida (literalmente baldes...daqueles para as criancinhas brincarem na areia...).

No dia seguinte, 25 de Dezembro, tivemos direito a um jantar-buffet de Natal, no nosso resort na praia, onde enfardamos camaroes, frango frito e outras delicias do mar.
Mesmo sem os sonhos, as filhoses, o bacalhau e o peru, foi um pequeno momento para nos relembrar que de facto era Natal, dado que passar aqui estes dias de sol nos fez constantemente esquecer a data em que nos encontravamos...


O Pai Natal nao vos trouxe prendinhas? E natural, passou o dia connosco na praia...


...com as suas renas e os seus amigos duendes!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A nossa prenda de Natal!

Durante o período que passamos no mosteiro tivemos a oportunidade não so de desfrutar de um período de calma e silencio, mas também de mergulhar a fundo nos nossos próprios pensamentos de uma forma “orientada”.
Orientacao em que sentido? O que Steve e a Rosemary nos pediram foi para estarmos atentas aos pensamentos que nos vinham a mente, para nos apercebermos que tipo de pensamentos eram e depois os deixarmos ir.
Segundo eles, nós não somos os nossos pensamentos, estes vêm e vão, passam por nós e seguem o seu rumo, como a água de um rio vai fluindo com a corrente. Têm um carácter impermanente e nós, ao nos apercebermos disso, vamos ganhando a noção de que somos mais do que isso, algo que ultrapassa o somatório de todos os nossos pensamentos.

Estes podem enquadrar-se em cinco categorias (que, em inglês, dão pelo nome de “hindrances”):
- desejo dos sentidos;
- aversão;
- preguiça e torpor;
- preocupações e inquietude;
- duvida

Se conseguirmos estar atentos ao que pensamos e sentimos, acabamos por perceber que e de facto possível definir qualquer pensamento como pertencente a uma destas categorias. Também nos foi dito que um dos perigos deste processo é a nossa tendência para, ao nos apercebermos de certos pensamentos, sentirmos aversão a nos próprios. A Rosemary, com a sua voz serena, quase hipnotizante, repetia: “Tentem não se recriminar e conduzam o processo com calma, paciência e compaixão por vocês próprios”. Referia ainda quatro palavras magicas que se tornaram quase num mantra, aplicável a tudo na vida: “Paciência, Coragem, Sabedoria e Persistência”.

O processo pós-categorização consistia em deixar os pensamentos irem embora, mas nem todos nos querem deixar tão facilmente. Nestes casos, era-nos dito para nos concentrarmos no nosso corpo.
Onde é que sentíamos a expressão destas sensações mais fortes? Devíamos tentar sentir o que o nosso corpo nos tentava dizer (dentes a ranger, punhos cerrados, testa franzida, estômago as voltas, etc) e concentrarmo-nos nessa sensação ate ela desaparecer. E por essa altura já o pensamento se tinha desvanecido. Era ai que devíamos contemplar o seu carácter impermanente que nem sempre nos parece assim tão obvio, sobretudo quando estamos imersos em sensações muito fortes.

Este conhecimento que nos foi transmitido é a nossa prenda de Natal para todos aqueles que lêm este blog. Esperamos que, mesmo não estando 10 dias num retiro num mosteiro, consigam aproveitar algumas destas noções em momentos mais confusos e/ou complicados da vossa vida e desta forma conseguirem paz de espirito!!!



WE WISH YOU A MERRY CHRISTMAS!!!

LAURA & ANA

domingo, 23 de dezembro de 2007

A revelacao

E entao que andamos nos a fazer nestes dias de ausencia?

Estavamos nos ainda em Goa quando a Laura, ao ler sobre a experiencia de um jornalista que passou 10 dias num retiro num mosteiro budista na Tailandia, pergunta: "Nao gostavas de experimentar passar uns dias num destes retiros?". E foi assim que demos inicio a nossa investigacao "internetica", em busca de alternativas que nos permitissem satisfazer os nossos anseios espirituais. Ou talvez mais de auto-conhecimento. Em pouco tempo encontramos Wat Kow Tahm, um mosteiro localizado em Koh Phan Ngan, uma ilha muito perto de sitios pelos quais tinhamos ja decidido passar. Coincidencia das coincidencias, descobrimos que o mosteiro tinha um retiro de 10 dias planeado para o periodo que melhor se adequava aos nossos planos, a comecar logo a seguir aos anos da Laura e a terminar antes do Natal.

Apos a estadia em Bangkok rumamos para o sul, para Koh Phan Ngan. Ao chegarmos a ilha, ficamos alojadas num bungalow na praia, onde nos podemos dar ao luxo de passar dois dias dedicados exclusivamente ao lazer (praia e piscina) e ao enfardamento. Foi uma especie de despedida dos simples prazeres terrenos antes de nos exilarmos no mosteiro e mergulharmos nas profundezas da filosofia budista.




Chegou entao a altura de nos pormos a caminho de Wat Kow Tahm. Foram uns extenuantes 15 minutos de taxi para subir o monte ate ao mosteiro. O contraste do ambiente do mosteiro com o resto da ilha foi uma agradavel surpresa. Embora Koh Phan Ngan pareca ser o prototipo do destino ideal de jovens ocidentais em busca de festas, animacao e todo o tipo de convivio barulhento, este refugio budista revelou-se um idilico local no meio de uma densa floresta. "Inspirador", pensamos nos. Mas logo descobrimos que, como tudo na vida, tambem havia aqui um lado menos positivo: escorpioes, cobras venenosas e todo o tipo de insectos, incluindo uma impiedosa legiao de mosquitos-guerreiros que nao se deixavam desencorajar com qualquer tipo de repelente (sendo que aqui nao se aceitava o uso de insecticidas, afinal segundo uma das regras budistas nao se deve assassinar nenhum tipo de seres vivos).

E foi assim que demos inicio ao nosso periodo de purificacao interior. Dez dias em completo silencio (sem comunicar de qualquer forma com nenhum dos outros cerca de 30 reclusos), sem qualquer tipo de comunicacao com o exterior (nem internet nem telemovel), a acordar as 4h da manha, a fazer cerca de 10 horas de meditacao diaria, com 3 refeicoes diarias (baseadas em frutinhas e vegetais) e umas 2 horas de aulas teoricas, durante as quais nos eram explicados alguns preceitos budistas. O retiro era levado a cabo por um casal,o Steve e a Rosemary Weissman, dois ocidentais anglofonos de meia idade, que se assemelhavam mais a duas incarnacoes de pacificos e inspiradores Budas.

Houve muitos momentos bem chatos, alguns insuportaveis, muitas dores nas costas (10h de meditacao diarias tornam-se um exercicio puxadito), muita impaciencia, muita convivencia com pensamentos mais irritantes, muita dificuldade em seguir os ensinamentos deles sobre como compreender e dominar a propria mente (que descobrimos ser um bicho irrequieto e bem dificil de domar, mas que ao mesmo tempo pode muito facilmente tomar todo o controle das nossas vidas), muitas duvidas MAS... ao mesmo tempo foi INCRIVEL!!

O silencio foi a parte mais facil. Ainda bem que nos puseram em quartos separados, caso contrario teria sido dificil. As vezes, quando passavamos uma pela outra, quase desatavamos as gargalhadas, mas ao fim de uns dois dias la nos habituamos a ignorar-nos mutuamente. O estranho e que nao parecia que havia silencio. Porque?? Porque a mente nao para! "Epah que calcas tao giras tem aquela!", " aquele ali tem cara de parvo", " o que e o que esloveno esta a fazer?", "por falar nisso, como estara a Ines na Eslovenia?", " bem deve ser um inverno com neve", " ahhhh, que bonito! Inverno com neve deve ser giro", "aqui esta mesmo calor", " assim que sair do mosteiro vou logo dar um mergulho e comer um belo chocolate", " ahh, como me apetece um chocolate!!", " por falar nisso, o que sera o almoco?", "E quanto tempo faltara para o almoco?", " que seca, ainda so passaram 15 minutos desde que comecamos isto...".
Isto tudo quando era suposto concentrarmo-nos nas coisas que eles diziam ser importantes... e nao dava. E com isto percebemos que, de pensamento em pensamento, sobre o futuro, passado ou presente imaginario, vamos perdendo o prazer das pequenas coisas do presente, do AGORA.

Quando os mosquitos se tornavam um desafio, Steve dizia "aproveitem a oportunidade cada vez que forem picados. E uma oportunidade de se concentrarem na sensacao, analisarem a sensacao, e tentarem distanciarem-se dela, deixarem de a perceber como dor ou comichao". Isto na teoria e bonito e nos bem nos esforcamos. Mas na pratica, por vezes, tornou-se bem desgastante.
Tinhamos varias horas de meditacao a caminhar para tras e para a frente num pequeno percurso marcado no chao, durante as quais o objectivo era simplesmente concentrarmo-nos no toque da palma dos pes no chao, tentarmos sentir o chao. E uma coisa tao simples e tao DIFICIL!!! E mesmo dificil nao nos deixarmos andar a deriva por pensamentos desnecessarios... Tinhamos tambem varias horas de meditacao sentada, sem contar com outros tipos de meditacao, como meditar enquanto se come e se trabalha (pois e, cada um tinha um trabalho. Eu era a mulher de limpezas do WC e a Laura tocava o sino que marcava o final das caminhadas).
Foi interessante percebermos muita coisa sobre nos proprias, sobre os nossos medos, desejos, e dificuldades de concentracao, controle e analise de pensamentos. Mas as vezes tambem era puxado. E o melhor e que, cada vez que se tornava mais dificil, parecia que quando chegava a vez do Steve ou da Rosemary falarem, eles conseguiam sempre dizer qualquer coisa que ajudava a ultrapassar as dificuldades que iamos sentindo.
Comico foi quando o silencio acabou. Ouvirmos as coisas que passaram pela cabeca uma da outra durante todo esse tempo provocou-nos um interminavel ataque de riso.
Laura - "Houve momentos em que fiquei assustada. Porque olhava para ti e via-te tao seria, com uma cara tao estranha que pensava: Aquela nao e a Catarina, eles estao a fazer-nos uma lavagam cerebral e fizeram-lhe qualquer coisa de mal, agora ela nunca mais vai ser a mesma".
Outra coisa engracada foi que, talvez pelo facto de andarmos o dia todo a controlar os nossos pensamentos, a noite tinhamos imensos sonhos.


Nos e os nossos companheiros de reclusao com os nossos mentores (o casal em baixo ao centro) e algumas das freiras do mosteiro.

Conclusao: recomenda-se! Para quem estiver eventualmente interessado, eles fazem retiros quase todos os meses do ano, geralmente sempre do dia 12 ao dia 21. Mas aqui vai o site para consultarem:

http://www.watkowtahm.org/

Depois de regressarmos, optamos por voltar a mesma praia onde tinhamos estado antes e rendermo-nos novamente aos prazeres da vida terrena que ja nos pareciam tao distantes...




O mosteiro onde estivemos situa-se no cimo daqueles montes verdes que voces vem la atras!!!
E e com este por do sol que nos despedimos deste lado da ilha e seguimos para nordeste, onde contamos encontrar alguns companheiros do retiro e com eles passar o Natal (na praia!!!).

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Explorando a Tailandia

Depois de dois meses a viajar, sempre a tentar explorar ao maximo cada um dos sitios por onde passamos, nada melhor que aterrar em Bangkok e ter alguem para nos guiar pela cidade, sobretudo quando esse alguem e da familia.
O Jorma, um dos irmaos finlandeses da Laura, tem uma namorada tailandesa (a Hoi) e ambos vivem entre a Tailandia e a Finlandia, alternando temporadas entre cada um dos paises.


A Laura, o Jorma e a Hoi a passearem de barco pelo rio de Bangkok...

Embora estejam agora a viver a umas horas a sul de Bangkok, vieram ter connosco a capital tailandesa (da qual a Hoi e oriunda) e passaram o dia empenhados em mostrar-nos os tesouros da cidade. Comecamos com uma vista panoramica sobre esta vasta metropole, do cimo da "Baiyoke tower".





Desbravamos o transito caotico de Bangkok de taxi e seguiram-se um passeio pelo skytrain, umas caminhadas, um passeio de barco e... voila!! Terminamos em grande com uma visita a impressionante area de Ko Ratanakosin, considerada como o equivalente ao vaticano do budismo tailandes. Aqui visitamos o Grand Palace (antiga residencia real) e o templo da Esmeralda de Buda, ou Wat Phra Kaen, onde muitos prestam homenagem a esmeralda de jade que foi em tempos objecto de discordia entre a Tailandia e o Laos.


A Catarina a entrada do Grand Palace...


...e a ser abencoada. Para tal, molha-se uma flor na taca com agua e depois salpica-se os pingos de agua que ficam na flor sobre a nossa cabeca.
Nota: A camisinha que ela veste nao e nenhum facto tipico tailandes, nem o nosso estilo que anda a mudar. Foi mesmo o que nos obrigaram a vestir para entrarmos "decentes" no monumento.

Depois da visita cultural seguiu-se uma incursao pelas delicias da culinaria tailandesa e, por fim, hora da despedida.

No dia seguinte resolvemos mimar o nosso corpo: fizemos massagens tailandesas, massagens as costas e massagens aos pes. Tudo pela exorbitante quantia de 4 euros por hora! Ao final da tarde, rumamos em direccao a uma das ilhas da Tailandia (qual? Fica para um proximo post...)

NOTINHA AO LEITOR: Vimos por este meio informar que, durante cerca de 10 dias, este blog nao ira ser actualizado e nos estaremos incontactaveis. "E porque?" perguntais vos. Isso agora...sao cenas dos proximos episodios...AHAHAHAHAHAHAH

domingo, 9 de dezembro de 2007

Admiravel Mundo Novo

Aterrar em Bangkok vindo de Delhi e quase como uma viagem no tempo. Deixamos para tras uma especie de mundo semi-medieval, que se traduz nao so no seu conservadorismo e tradicionalismo como ate nos seus veiculos (muitos dos quais sao carros ingleses de meados dos anos 50) e aterramos em pleno seculo XXII!





Aqui somos nos do alto da "Baiyoke Tower" em Bangkok. Esta torre tem 309 metros, distribuidos por 84 andares. Seriam precisas uma media de 182 pessoas, em cima umas das outras, para chegar ao topo da torre. Quem quer comecar?

Bye bye India!

Adeus Delhi, Ola Bangkok!
Mesmo antes de partirmos rumo ao desconhecido resolvemos abrir essa caixa de surpresas que e a nossa memoria, em busca de "souvenirs" da India. O que nos veio a mente nao foram imagens mas sons, ecos perdidos de vozes que tantas vezes tentaram chegar a nos enquanto caminhavamos por diferentes cantos do subcontinente indiano:

"Ellooo Madam,
Hellooo, ellooo
HELLOO!!
How are you, Madam?
Hellooo! How are you???"

"Whitx your country, Madam?"
(questao seguida sempre de um "Ahhh" meio baralhado, depois de termos respondido que somos seres oriundos desse estranho e longinquo pais que e Portugal)

"Eloo!
How much? How much you give?
You no want?? Very good! Very good price!
How much you give?
Helloooo!!
Good price, I make very good price!!"

Pouco depois de darmos fim ao nosso ritual de despedida, ao relembrarmos alguns destes episodios, estamos nos no aeroporto a passar pelo simpatico senhor da alfandega. Eis entao que nos deparamos com mais um dialogo digno de ficar para a historia: logo depois de mostrarmos os passaportes segue-se a questao "How do you feel?". A Laura olha meio perplexa para ele. "How do you feel in India?" (presumimos que o objectivo deveria ser o de descobrir se gostamos da nossa estadia na India). Sim, sim, gostamos muito da India. "Please come again", termina ele. E foi assim que mais uma vez nos despedimos deste pais (foi mais ou menos isso... Na verdade o destino ainda reservava um atraso de 4h30 para o nosso voo) e voamos em direccao a Tailandia.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Om Shanti Om

Em Mumbai cedemos aos vicios mais materialistas e optamos por um quarto com TV, onde nos pusemos a par de todos os ultimos grandes exitos de Bollywood. E demos por nos ansiosas para ver no grande ecra a mais recente mega-producao indiana, o filme "Om Shanti Om" (cuja banda sonora nos traz ainda boas recordacoes da festa bollywoodesca onde trabalhamos em Novembro).



Apesar do calor, chegamos ao cinema precavidas com casacos. No entanto, estes acabaram por se revelar insuficientes para nos proteger do frio glaciar que estava a ser produzido pelo ar-condicionado.
E o que e que sucede mesmo antes do filme comecar???? Passam anuncios? Publicidade? Naaaaooo! E momento de colocar no ecra uma imagem da bandeira indiana, por o hino da india a tocar, e toca toda a gente de se levantar e saudar a bandeira ao som da musica. As nossas origens europeias quase nos fizeram passar a maior das vergonhas: estivemos perigosamente perto de desatar as gargalhadas! Mas conseguimos manter a compostura (ou pelo menos tentamos) e respeitar esta diversidade cultural que por vezes nos coloca em situacoes embaracosas...

Quanto ao filme propriamente dito, este valeu cada uma das 120 rupias que pagamos pelo bilhete: vibramos com a musica, as dancas, as cores, os cenarios, e ate fomos surpreendidas pela historia, que tambem se revelou bastante interessante!
Apesar de nao termos percebido todos os dialogos, que eram em hindi, ajudou-nos o facto de que cada terceira palavra que eles diziam era em ingles. E foi assim que conseguimos ir tendo uma ideia bastante clara do que se ia passando.
Saimos do cinema com vontade de desatar a dancar e cantar pelas ruas de Mumbai!

O regresso de Bollywood

Depois de nos despedirmos da praia, regressamos tostadinhas a Mumbai. E foi so pormos os nossos pezinhos nesta cidade para voltarmos a ser convidadas para trabalhar em Bollywood. Desta vez para uma figuracao, alias varias figuracoes! Cada vez que iamos a rua la vinha alguem atras de nos a convidar-nos.
La acabamos por aceder a um convite em troca de uma pequena recompensa monetaria - 500 Rupias para 12 horas de trabalho "intenso" (o equivalente a 10 euros).
Bollywood nao para! Praticamente todos os dias ha filmagens em diferentes estudios, sejam elas de telenovelas lamechas ou de mega-producoes. E para dar mais "glamour" a qualquer producao, nada melhor que uns quantos estrangeiros como figurantes. Dai que seja muito facil encontrar em Mumbai, sobretudo na cosmopolita zona de Colaba, pessoas em busca de "white people" (como nos eramos designadas) que estejam dispostas a passar um dia em filmagens.

No nosso primeiro e unico dia de trabalho tivemos que madrugar, e depois de conhecermos os nossos companheiros figurantes (duas polacas, um frances e um dinamarques) la rumamos para o estudio.
Descobrimos entao que o destino nos reservava umas quantas aparicoes num episodio de uma serie que punha qualquer telenovela mexicana/venezuelana a um canto!!!
Enquanto a actriz principal (que durante todo o episodio so tinha que dizer duas ou tres palavras) ia simulando uma dramatica despedida dos pais no aeroporto (fazendo uma expressao de pobre coitada e deixando escorrer umas lagrimas pela sua esbelta face abaixo)nos iamos passando por tras dela. E assim nos fartamos de caminhar pelo simulacro do aeroporto.


A Laura ainda foi escolhida para contracenar com a protagonista, num grande plano, a fazer uma muito complexa cena enquanto menina do check-in. Comentario pos-filmagens: "O mais dificil foi mesmo vestir as calcas que eram uns dois numeros abaixo do meu. Eles tiveram ate de as descoser um bocado, o que poderia ter comprometido a minha inata capacidade de interpretacao. Mas no final correu tudo bem!"


Uma das polacas teve tambem direito a um papel com falas, o que provavelmente aticou o espirito competitivo da nossa actriz indiana, a qual se engasgou durante a filmagem e desatou logo aos berros a dizer que tinha sido a polaca que tinha dado um erro gramatical.
A estrela e que sabe!!!

Aqui temos a estrela principal da serie (se e que se pode chamar aquilo de serie...)


...e aqui temos a Catarina a ignora-la!

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Ainda pelo sul...

Seguindo a sugestao de um holandes que encontramos no Nepal, resolvemos deixar Goa e rumar para Gokarna, no estado de Karnataka, em busca de praias desertas. Segundo a mitologia hindu, e aqui que se encontra a alma da deusa Shiva. Dai que Gokarna seja considerado um dos locais mais sagrados do sul da India, sendo um destino bem mais popular entre peregrinos hindus que entre turistas estrangeiros.



Desta vez a caminhada ate as praias reservava-nos uma escalada pelas montanhas durante quase uma hora (20 minutos ate a Kuddle Beach, 40 min ate a Om Beach).





Logo no primeiro dia deparamo-nos com mais uma daquelas coincidencias que dao cor a viagem: quando chegamos a Om Beach encontramos um grupo de estrangeiros entre os quais descobrimos tres portugueses. A Francisca, a Joana e o Afonso estao a fazer um estagio no sul da India e tinham vindo com uns colegas passar o fim de semana na praia. De repente, a Laura lembra-se que uma amiga dela lhe tinha falado numa prima, tambem chamada Francisca, que vinha para a India fazer um estagio. E era mesmo ela! Coincidencia?
Acabamos por sair todos juntos nessa noite e partilhar impressoes sobre a convivencia indiana/ocidental.



Na mesma guest house que nos encontravam-se tambem uma inglesa e uma holandesa, a Kat e a Suzanne, que tinhamos conhecido na viagem de comboio. Pensando em dividir o preco do taxi, convidaram-nos para ir com elas ate umas conhecidas cataratas (as maiores da India) que dao pelo nome de Jog Falls, a cerca de 3 horas de Gokarna. Pelo caminho apanhamos ainda o namorado indiano da Kat, com quem ela esta a viver em Goa. Ela conheceu-o ha tres anos atras e, desde entao, veio visita-lo umas quantas vezes a India ate decidir-se a ficar ca a viver, exercendo a sua profissao de massagista.
Ja os 5 no carro seguimos viagem, sem sabermos que ainda nos esperava um mini-trekking de uma hora e meia a descer para visualizarmos as quedas de agua do seu melhor angulo. Claro que quem desce tambem tem de subir, mas valeu a pena!!



sábado, 1 de dezembro de 2007

Terceiro (...) sobre a viagem

A India, nao so pela vastidao do territorio que abarca mas igualmente pela complexidade dos diversos mundos que engloba, e um pais conhecido tambem como "o sub-continente indiano". Atravessar diferentes partes deste sub-continente implica quase viajar por diferentes mundos. No entanto, apesar das especificidades sociais e culturais de cada regiao (ha mais de 20 dialectos/linguas diferentes espalhados pela India), e facil sentir que existe uma uniao entre estes mundos, uma identidade enquanto nacao.

Da India em geral fica na memoria uma percepcao de fortes contrastes. Contrastes sociais, como e bem sabido. Mas tambem ao nivel dos sabores, das cores e ate da forma como a realidade e vivida e sonhada. Tudo parece ser concebido para ter um forte impacto: as comidas sao muito picantes ou muito doces (pelo menos para o nosso paladar), as roupas sao maioritariamente de cores garridas, a musica ouvimo-la sempre em volumes muito superiores ao que os nossos timpanos estao habituados (em taxis ou autocarros).
E num pais onde os casamentos sao, na sua maioria, arranjados/combinados consoante os conhecimentos dos pais (de preferencia dentro das mesmas castas), nao deixa de ser curioso notar que os filmes de Bollywood tem sempre por base poderosas e dramaticas "love stories", verdadeiras historias da cinderela sempre com finais felizes.

Hello to the queen

"Hello to the queen" e a sobremesa que encontramos em quase todos os restaurantes de Goa e cuja imagem nos fazia salivar quando estavamos estendidas a torrar ao sol.
Para se obter este apetitoso manjar dos deuses basta dispender uns miseros 5 minutos. Aqui vai entao a dica de culinaria:
1. esmigalhar umas 5/6 bolachas Maria
2. colocar pedacos de banana sobre as bolachas
3. derreter chocolate (negro ou de leite, conforme as preferencias) e deitar sobre os pedacos de banana
4. acrescentar uma bola de gelado

e... BON APPETIT!!