quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Laos - uma especie de paraiso?

E possivel sentir o contraste entre o Vietname e o Laos logo ao atravessar a fronteira: os guardas fardados, com caras de maus e espingardas as costas do Vietname sao substituidos por pessoas amigaveis, sorridentes e prestaveis. No Laos, tudo parece fluir a um ritmo mais calmo, mais leve.

A minha estadia no Laos tem sido marcada por uma serie de encontros e desencontros.
Umas vezes por obra do acaso, outras vezes gracas a esse "admiravel mundo novo" que da pelo nome de internet, e que nos permite manter em contacto com pessoas de qualquer parte do planeta.

Eu "aterrei" neste pais com o Steve e o Mark, dois australianos com quem viajei ate Vientiane, a capital. Assim que atravessamos a fronteira, depois de 10 horas de caminho, esperavam-nos ainda uma viagem de Tuc Tuc (cujo motor deixou de funcionar, obrigando os meninos australianos a fazer exercicio e empurrar o veiculo pelas montanhas e declives do Laos) e duas viagens de autocarro. Apos cerca de 18 horas consecutivas em viagem, chegamos finalmente a Vientiane.
E que tal a cidade? Uma mini-metropole bem calminha mas recheada de turistas, com templos budistas por todo o lado, algumas reminiscencias do imperialismo frances e muitas oportunidades para matar saudades de petiscos ocidentais (de restaurantes franceses e italianos a padarias escandinavas). Soube bem parar por uns dias para relaxar...

Passados 3 dias, tanto eu como o Steve e o Mark ja ansiavamos por novas paragens. Pusemo-nos entao a caminho de Vang Vieng que, segundo as descricoes do Lonely Planet e de muitas outras pessoas que fui encontrando pelo caminho, parecia ser um local meio ambiguo. Assim que la cheguei, tambem eu me senti baralhada: em certas alturas senti-me como se estivesse em casa, noutras senti uma especie de aversao a esta vila.
Vang Vieng consiste basicamente numa serie de bares e pequenos hoteis, localizados a beira do rio e com uma incrivel paisagem de fundo. O que e que se faz aqui entao? Bebe-se cerveja ou baldes de alcool (a outra opcao e pedir os Menus Especiais, nos quais se encontram sugestoes como: cha de opio, batidos e omoletes de cogumelos, e afins...), sentado ou deitado num dos muitos bares com grandes ecras, onde passam episodios da serie Friends ou Family Guy por 12 horas consecutivas. Decadencia ocidental? E possivel, mas por um ou dois dias tambem sabe bem...
Talvez esteja a ser demasiado severa na minha descricao... Ha mais coisas para fazer em Vang Vieng, como visitar as grutas nos arredores da vila, mas a mais atractiva e provavelmente o tubing. Tao simples como alugar uma boia gigante para descer os 3 quilometros de rio, ir parando em varios bares para abastecer de mantimentos (solidos e liquidos) e mergulhar de uma plataforma assustadoramente alta!

Tubing: Glenn e a sua boia
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Ao chegar a Vang Vieng, acabei por perder os australianos de vista e reencontrei o Glenn, um noruegues que conheci no Cambodja. Devido a preguicite generalizada que e possivel sentir ao passar por esta mini-vila, eu e o Glenn acabamos por nos render as maravilhas do convivio alcoolico e extendemos a nossa estadia em Vang Vieng de 2 para 5 dias.

Tubing: um dos muitos bares a beira do rio, e de cuja plataforma era possivel saltar
(com uma especie de fio elastico que se largava ao atingir a agua)
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Depois de 5 dias de inercia, chegou a altura de me por a caminho de Phonsavan, em busca da misteriosa Planicie das Jarras (Plain of Jars). O Glenn seguiu o seu caminho para Vientiane e eu ia continuar sozinha mas, na noite anterior a partida, cruzo-me com o Rob, um holandes que conheci tambem no Cambodja. Ele e os amigos tinham planeado um roteiro semelhante ao meu. E foi assim que, grata pela companhia mas ao mesmo tempo sequiosa de estar por minha conta, acabei por viajar acompanhada mais uma vez...
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Planicie das Jarras (Plain of Jars)
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Quando deixei Vang Vieng, a temperatura devia rondar os 25 graus centigrados. Chinelinhos e roupa de Verao, nada mais. Depois de 8 horas a subir montes e montanhas, encontrei em Phonsavan um Inverno portugues de Tras-os-Montes. Vento gelado, ausencia de infra-estruturas que permitissem acumular algum tipo de calor e, como se nao bastasse, ausencia de agua quente. O gerente do hotel bem dizia que aquilo era agua quente mas a mim parecia-me mais agua mornita a dar para o congelada.


Eu... e uma das jarras (a maior, segundo consta)
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A Planicie das Jarras e ainda um misterio por resolver. Ha teorias que defendem que as jarras sao antigos sarcofagos, outras que consideram as jarras como recipientes gigantes que foram um dia usados para armazenar o whisky Lao Lao (teoria originaria do Laos). E claro que o que nao faltam sao supersticoes locais: segundo uma destas, as jarras foram construidas por gigantes que em tempos viveram nesta zona.


Um grupo de miudos da vila do Whisky Lao Lao, a especialidade alcoolica da regiao
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Um dia a congelar em Phonsavan foi o suficiente para mim, nao tardei a apanhar o autocarro para Luang Prabang, antiga capital deste pais. E aqui, apesar do ceu nublado dos primeiros dois dias, fiquei maravilhada com a cidade que encontrei!

Luang Prabang
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Porque e que sabe bem passear pelas ruas de Luang Prabang?
Por causa das fachadas dos edificios (Luang Prabang e considerada Patrimonio Mundial, e percebe-se bem porque!), dos cerca de 35 templos budistas espalhados por cada canto desta cidade com 30.000 habitantes, e sobretudo pela calma que se sente ao deambular pelas ruas.

A rua principal de Luang Prabang, com o seu transito visivelmente caotico

O Rio Mekong

Os meus novos amigos:

Um jovem empreendedor que me vendeu umas quantas pulseiras
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Um habitante canino de Luang Prabang

1 comentário:

Glenn disse...

Hey Ana! You know the feeling when you look at pictures and understand some portuguese from an asian travel blog, and you wish you were there? Perhaps not;-p
Anyhow that's how it is for me today. It's actually aching a bit. Safe travels! Monkey boy