sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Souvenirs de Luang Prabang e arredores

Conheci um alemao que me disse que Luang Prabang, com o seu estatuto de Patrimonio Mundial concedido pela Unesco e os seus varios edificios e estabelecimentos geridos quase exclusivamente por estrangeiros, fazia lembrar a Disneylandia. "Isto nao e o verdadeiro Laos, e uma especie de teatro, uma encenacao para os turistas". Basta passear um dia pela cidade para perceber que ele tem razao. Apesar disso, o ambiente desta antiga capital e a descontraccao e simpatia dos seus habitantes cativaram-me particularmente.


O Palacio-Museu de Luang Prabang



Uma vendedora de flores a entrada de um templo

Ao viajar por diferentes cantos da Asia, tenho-me deparado com esquemas e mais esquemas, levados a cabo por pessoas "aparentemente prestaveis e bem intencionadas" que so tem na verdade um unico objectivo: o de extorquir o maximo dinheiro possivel aos turistas distraidos e apatetados (entre os quais muitas vezes me inclui eu propria). Talvez por causa disso, a tendencia e adoptar uma postura mais cinica e desconfiada em relacao as motivacoes alheias, sobretudo quando se trata de pessoas que parecem "demasiado" interessadas em ajudar.

Foi o que me sucedeu uma noite, quando eu e o Rob nos estavamos a questionar sobre o que fazer no dia seguinte, e um empregado de mesa vem ter conosco, mete conversa ("Where are you from? blah blah blah") e se oferece para nos levar a alguns sitios tipicos e nada turisticos. "Amanha e o meu dia de folga, se quiserem posso levar-vos a uma aldeia aqui perto". Hmmm... E quanto e que isso custa?? " Ah e tal, nao sei, ja ha algum tempo que nao vou la, nao faco ideia quanto custa o bilhete de barco para o outro lado do rio". Olha, olha, este quer ganhar dinheiro a nossa custa! Mas o Rob, que o achou genuinamente simpatico, comecou a despertar a minha curiosidade quanto as potencialidades do passeio-surpresa, e no dia seguinte la fomos com ele.

De facto, foi uma surpresa!


O Rob e o Key

O Key levou-nos a margem oposta do Mekong, onde nos conduziu por uma aldeia e nos mostrou templos e grutas. Antes de nos despedirmos, fomos com ele a uma especie de tasca a beira do rio para provarmos uma salada tipica da zona ( que nao teve um impacto propriamente positivo no meu organismo mas... valeu pela experiencia...).
No final nem nos pediu dinheiro. So queria mesmo ter um dia de folga diferente, a passear com turistas, e praticar o ingles que esta ainda a estudar.
Moral da historia: confiar ou desconfiar, eis a questao!



Mercado: vendedora de morcegos

No Laos e paises vizinhos, tudo se come. De baratas a morcegos (passando por ratos, cobras ou aranhas tipo tarantulas), todos os seres vivos parecem ter algum tipo de potencial para se tornaram em saborosos (???) petiscos locais.



Bye Bye Luang Prabang: aqui vou eu num Slow Boat!
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Resolvi dizer adeus aos Laos em grande estilo: subi o rio Mekong de barco ate a Tailandia. Foram dois dias a navegar por locais que me deixaram deslumbrada, meio hipnotizada ate!
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Slow Boat
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O barco faz jus ao nome de "Slow Boat" porque, de facto, parece deslizar tao tranquilamente pelo rio que acaba por transmitir alguma dessa paz de espirito. Embora, confesso, ao fim de umas horas no segundo dia ja eu dava por mim a olhar para o relogio e a desejar que o senhor condutor pusesse o seu pezinho no acelerador.
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Um barco-casa
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Um outro Slow Boat (mais rapido que o meu)
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Pelo caminho acabei por conhecer uma serie de personagens interessantes:
um casal de dinarqueses recem-casados que estavam a aproveitar a sua lua-de-mel de 3 meses a viajar pela Asia, Australia e EUA; um americano que falava espanhol e optava por dizer que era do Alaska e nao dos Estados Unidos porque tinha vergonha da sua proveniencia; um alemao sorridente mas nostalgico pelas memorias da Tailandia de ha 20 anos atras.
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Eu e o casal de dinamarqueses (em cima), o americano e o alemao (em baixo)
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E o que havia de comum entre todos?
Uma paixao pelas viagens que nao deixava espaco para grande estabilidade. Os dinamarqueses planeavam deixar tudo para tras e ir viver para Barcelona. O americano de 50 anos e o alemao de 40 sentiam ambos a necessidade de trabalhar para viajar, ao inves da habitual necessidade de trabalhar para acumular bens materiais.
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Encontrar pessoas que vivem de acordo com estas ideias faz-me quase respirar de alivio, como se chegasse a brilhante conclusao de que afinal eu nao preciso de me conformar e adoptar um estilo de vida que na verdade nao desejo.

1 comentário:

Carla Ferreira disse...

Olá Ana.Finalmente tenho notícias tuas. já tinha procurado o teu contacto, mas não devo ter o endereço correcto. Hoje falei com a tua mãe e ela falou-me no blog.Melhor ainda pois eu queria muito acompanhar esta tua viagem exactamente desta forma: com lindas imagens e as palavras de uma excelente observadora. Já tenho literatura para uns dias...
Obrigada por partilhares as tuas experiências.
Diverte-te...Beijos
Carla Ferreira,