domingo, 2 de março de 2008

Por cantos e recantos da Tailandia

(Desta vez nao ha fotos para ninguem: a minha veia altruista chegou a conclusao de que esta na altura de estimular a imaginacao do leitor. Alem disso, a internet aqui e demasiado cara para o meu bolso!)

Por onde se encontra agora a minha nobre pessoa?

Sem querer despertar invejas alheias, devo dizer que nao so me encontro numa ilha paradisiaca da Tailandia, como me encontro de facto na mais paradisiaca de todas as ilhas sobre as quais ja pousei os meus esbeltos pezinhos. Koh Maak e o nome deste paraiso ainda por explorar pelo impiedoso monstro que e o "turismo em massa". Foi esse monstro que transformou ja muitas das ilhas tailandesas em verdadeiros resorts recheados de asfalto e de um malfadado e barulhento "desenvolvimento", que em tudo parece atentar contra o ecossistema local e contra a paz de espirito de muitos dos seus visitantes.

Esta ilha e obviamente um destino turistico (caso contrario eu nao estaria aqui) mas parece ser um turismo mais "artesanal". Eu vim parar a um magico recanto da ilha onde ha apenas floresta, praia e um mini-resort constituido por 7 bungalows de bambu. Ao inicio, a constante - e tao proxima! - convivencia com a vida animal, foi para mim algo de intimidante. Como se nao bastasse ter encontrado todo o tipo de insectos a povoar a minha barraca de bambu, no primeiro dia cruzei-me com uma cobra! No entanto, apos 2 dias, todo o conjunto de "cri cris", "geckos", "brrr", "triiim" e sons afins (incrivel a quantidade de sons diferentes que insectos e/ou animais conseguem emitir...Sou mesmo menina da cidade...), em consonancia com o barulho do mar, sao ja percepcionados como uma especie de melodia ou cancao de embalar.

Mergulho apos mergulho, sinto-me uma verdadeira eremita, cuja companhia quase exclusiva da pelo nome de "Steppenwolf" (um livro de Herman Hesse que me tem feito mergulhar tambem numa meditacao sobre a complexidade da natureza humana).

E por onde vagueou a minha excelentissima pessoa desde que o Laos ficou para tras?

Esta pobre alma portuguesa, atormentada pelas constantes suposicoes de que as minhas raizes jazem algures em Israel ( Parem de falar comigo em hebraico! Eu nao sou israelita nem tenho em mim quaisquer resquicios de sangue judeu!!), optou pela cidade de Chiang Rai como primeiro destino no norte da Tailandia.
E foi a minha primeira desilusao... Para alem de uns quantos templos budistas (e ao fim de 3 ou 4 eles parecem todos iguais...), nao havia muito mais para ver. Rapidamente me pus a caminho de Chiang Mai. Os fas do norte da Tailandia que me perdoem mas aqui tive a minha segunda desilusao: encontrei muitos templos, muitas actividades para turistas sequiosos de diversao e... muito transito. Mas nada do charme que esperava encontrar numa cidade pequena e mais tradicional. Ou talvez sejam os meus padroes de beleza urbana que, depois de Luang Prabang, se tornaram demasiado exigentes...

Em Chiang Mai reencontrei o Steve e o Mark (os australianos) e conheci a Kim e o Tanoe (dois canadianos), com quem fui explorar o quase interminavel mercado de domingo a noite. Depois de esbanjados muitos bahts (moeda tailandesa), resolvemos procurar um local onde pudessemos relaxar os instintos consumistas e prosseguir para um convivio mais calmo, regado a alcool. Quando chegamos a um bar, alguem se lembra que, nos ultimos dias, tem sido proibida a venda de alcool devido a proximidade das eleicoes a nivel distrital.
"Nao, nao vendemos bebidas alcoolicas hoje, nao e permitido". E, depois de baixar o volume para uma especie de sussurro, prossegue: "Mas... se quiserem meeeeeeesmo beber... podem sentar-se no jardim, nas traseiras do bar, e fingir que vao so jantar". La vamos nos, preparadissimos para infringir a lei, quando para nossa surpresa somos servidos por pessoas meio "estranhas", com certas dificuldades de compreensao seguidas de gargalhadas estridentes. Depois de pedirmos um vinho, a garrafa chega meio vazia e a empregada, entre sorrisos apaticos e olhares gazeados, la nos diz que esteve a beber com o resto da "tripulacao" do bar.

E assim foi a minha despedida de Chiang Mai. No dia seguinte, decidi que estava na altura de procurar novos horizontes e optei por seguir as ultimas recomendacoes que me tinham chegado aos ouvidos. Esta viagem tem sido uma sequencia de de destinos nao planeados, escolhidos ao acaso ou com base em referencias de outros viajantes com quem me tenho cruzado. O mesmo sucedeu com Koh Maak, ilha que nem sequer consta no meu Lonely Planet.

Paraiso, aqui estou eu!!!

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